Os perigos da microgestão. Como pará-la ou evitá-la?

Poucas coisas são mais desmotivantes quanto ter um(a) gestor(a) que controla cada passo que damos ou cada tarefa que desempenhamos no trabalho. É precisamente sobre microgestão (micromanagement) que vamos falar neste artigo. Quais os perigos associados a este tipo de gestão? E o que fazer para não deixar que predomine na empresa?

Na Coverflex acreditamos que não apoiar a microgestão está intrinsecamente relacionado com a cultura organizacional, e que esta é feita das práticas, dos processos, e dos valores da empresa. “Educar o middle-management, através de programas de mentoring, por exemplo, e oferecer aos gestores recursos de self-development são formas de - e pode ser necessário para - garantir uma cultura empresarial que não deixe espaço para microgestão”, explica Laura Moreira, Senior People Specialist na Coverflex, acrescentando que “ter uma cultura onde é permitido falhar e onde falhar é aceitável deixa as pessoas muito menos ansiosas e com muito menos tendência para tentar controlar a equipa”. A Coverflex venceu o prémio de melhor empresa nacional na categoria de desenvolvimento humano em 2023, atribuído pela Great Place to Work®, a autoridade global sobre a cultura do lugar de trabalho, e ocupa o 1º lugar no ranking Best Workplaces 2023 na categoria de empresas com 51-100 colaboradores em Portugal.

O que é, então, a microgestão? Micromanagers (“micro gestores”) são supervisores que controlam, de forma excessiva, o trabalho dos seus colaboradores, ao ponto de dificultarem o seu desempenho. O termo ganhou maior relevância no mundo laboral com o espoletar do trabalho remoto, sobretudo durante a pandemia da Covid-19, com alguns gestores a praticarem este controlo exacerbado sobre os profissionais que não estavam no seu radar visual. No entanto, a microgestão não acontece apenas em modelos de trabalho fully remote. E os perigos associados a este tipo de gestão são vários, indo mesmo contra a criação de um ambiente laboral saudável.
Desde a perda de confiança e autonomia até à alta rotatividade ou burnout, vamos listar os perigos que estão em causa, bem como o que precisa de fazer, enquanto líder, para evitar cair neste tipo de gestão ou para parar de o aplicar.

Perda de confiança
Um dos maiores perigos é a destruição da relação de confiança entre gestor e colaboradores. Um líder que controla as tarefas diárias dos seus trabalhadores de uma forma exagerada, que vai para além do razoável – e até do saudável –, deixa de ser visto como um líder. A confiança é uma relação mútua, cria-se em conjunto. Se o gestor não confiar nas suas equipas, dando-lhes espaço e autonomia para trabalharem, não pode ser pedido às equipas que confiem nele.
Sugestão: Para acompanhar os colaboradores, sem comprometer a confiança, experimente ouvi-los mais vezes. Pratique a escuta ativa para saber como é que eles se sentem, por que fases de vida estão a passar, aquilo de que precisam a nível profissional. Ouça as sugestões da sua equipa e atue em função delas.
 
Falta de autonomia
Ao controlar cada passo das suas pessoas, o líder está também a criar uma equipa dependente, que não consegue reagir de forma autónoma e com a confiança
de que está a fazer um bom trabalho. Noutras palavras, o micromanagement faz com que os trabalhadores sintam que precisam de ser, constantemente, guiados por um superior. Isso exigirá, também, mais tempo e esforço por parte do gestor.
Sugestão: Lembre-se de que contratou aquelas pessoas porque são uma mais-valia para a empresa. Têm talentos, competências e características únicas. Só precisa de deixá-las trabalhar com o mínimo controlo possível.
 
Esgotamento dos gestores
O micromanagement não é mau apenas para os colaboradores: pode afetar também o bem-estar dos próprios gestores. Controlar é altamente cansativo. É fácil esgotar a sua energia, criar aversão ao trabalho, e até decidir mesmo que está na hora de “abandonar” o barco, repensando se deveria aceitar novamente funções de supervisão.
Sugestão: A microgestão coloca o peso todo sobre os ombros dos gestores. Não o permita e opte por distribuir o ‘peso’. Segundo a revista Harvard Business Review, as pessoas que mais controlam são aquelas que têm dificuldade em deixar de ter responsabilidade. Mas uma das vantagens de ter uma equipa é, precisamente, distribuir as responsabilidades. Como gestor, aprenda a delegar. Crie o sentido de responsabilidade na sua equipa e deixe que cada pessoa seja líder de si mesma.
 
Mais ansiedade e stress para os colaboradores
Ao mesmo tempo que afeta a saúde física e mental dos líderes, também os colaboradores acabam por sofrer com este tipo de gestão, que gera, normalmente, situações de maior stress e ansiedade. O trabalho é uma parte crucial nas nossas vidas. Se as cerca de oito horas que passamos diariamente a trabalhar podem tornar-se altamente stressantes, a probabilidade de nos sentirmos ansiosos, de contrair doenças e passar noites mal dormidas dispara. Estudos comprovam que a autonomia e a longevidade estão diretamente relacionadas, pelo que trabalhar num ambiente de micromanagement afeta, de forma negativa, a saúde das pessoas.
Sugestão: A microgestão cria um ambiente monótono para os trabalhadores, e mais propício ao burnout. Foque-se também no salário emocional dos seus colaboradores, um conceito que engloba várias vertentes, todas elas com uma coisa em comum: a saúde e a felicidade dos colaboradores.
 
Alta rotatividade
A maioria das pessoas não lida bem com o micromanagement. Trabalhar num ambiente de controlo constante é, normalmente, um fator que leva os profissionais a pensar em abandonar o emprego. Quase 70% dos colaboradores considerariam mudar de trabalho se experimentassem um comportamento de microgestão, dão conta os números apurados pela Trinity Solutions. E, recorde-se, a alta rotatividade pode ser prejudicial para a empresa.
Sugestão: Num mercado de trabalho altamente competitivo, acreditamos que não quererá arriscar-se a perder os seus melhores talentos devido à prática de micromanagement. Centre-se em proporcionar-lhes um ambiente de trabalho saudável e estimulante, em que cada pessoa sente verdadeiramente que é valorizada e ouvida.
 
Desincentivo da inovação
Outro dos grandes perigos da microgestão é desencorajar o espírito de inovação e a criatividade dos colaboradores. Ao cancelar a autonomia e a proatividade das pessoas, o líder está também a recusar-se a assumir riscos na inovação e a negar o potencial de progresso.
Sugestão: A equipa está na linha da frente do projeto e sabe melhor do que ninguém – por vezes até melhor do que o próprio manager – o que está a acontecer. Além disso, se os colaboradores não dependerem de um gestor para dar qualquer passo que seja, pensarão de forma mais independente e terão, consequentemente, um desempenho melhor.

Isto não significa, de todo, que o gestor não possa ou não deva envolver-se nas atividades dos colaboradores. Cada empresa e cada líder terão o seu estilo de liderança, e cada projeto exigirá níveis de acompanhamento distintos. As tarefas diárias são as que consideramos neste artigo: aquelas que não precisam, diretamente, do envolvimento dos managers e em que a adoção deste tipo de comportamento acarreta mais desvantagens do que benefícios.

Por equipa Coverflex.

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29 Novembro 2022
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