A Liderança Feminina

Nos dias de hoje, o mundo está sujeito a rápidas mudanças e as empresas não são exceção. Este é apenas um dos motivos que revela o papel fundamental da presença de mulheres em cargos de liderança para as organizações.
Conhecemos o caminho que as mulheres têm percorrido na sociedade para conseguirem assumir papéis que são seus por direito, mas acredito que no meio empresarial começa a existir uma consciência comum do seu impacto.
Mais do que nunca, temos e devemos combater estereótipos retrógrados sobre as mulheres e sobre o seu papel de liderança. Acredito que só reconhecendo o valor e potencial das mulheres construímos lideranças e empresas com mais propósito e impacto.
Liderança é uma palavra feminina. Um substantivo feminino. A liderança no feminino é, ou deve ser, o mesmo que a liderança no masculino. Ou melhor ainda, a liderança não deve ter género. Representa desde uma função ou situação hierárquica, mais literalmente falando, até uma posição imaterial de autoridade e ascendência.
Líder não é quem tem um título, líder é quem tem atitude, independentemente das suas crenças políticas e religiosas, de idade e de género.
A título de curiosidade, os últimos dados recolhidos pela plataforma European Women on Boards (EWON), divulgados em 2021, são claros: apenas 28% das empresas na Europa são lideradas por mulheres.
Sou da opinião de que o sucesso de uma empresa será maior se a liderança feminina for promovida dentro da organização. É importante ter como prioridade a inclusão de mulheres líderes. Quer se trate de uma multinacional ou de uma PME é um verdadeiro benefício ter pessoas com dotes de liderança, e é importante potenciar a sua formação.
A formação de mulheres líderes deve começar numa idade precoce, torna-se importante educar a partir da escola e da família, pois a liderança é uma aptidão e uma atitude. As aptidões podem ser aprendidas e melhoradas com o tempo, a atitude depende de nós próprios e, no caso das mulheres, é a nossa principal barreira.
A promoção de comportamentos inclusivos que não prejudiquem as mulheres que aspiram a cargos de direção deve partir da sociedade. De facto, acredito, ainda, que a diversidade e a inclusão é algo que, é preciso “assimilá-lo”. No entanto, é necessário incentivar as mulheres a mudar de atitude e a ter confiança em si mesmas para enfrentar o medo e quebrar estereótipos.
Acredito que quanto mais se demorar a incutir que as mulheres são tão válidas como os homens em posições de chefia, mais se demorará a conseguir uma mudança de mentalidade. “O que levou tempo para ser ensinado e educado, leva um tempo em tornar-se algo natural e admitido por todos”.
Não posso deixar de concordar com um artigo da economista Francine Mendes na revista FORBES, onde pude ler “todas nós, mulheres, desenvolvemos ao longo das nossas vidas características de liderança: somos ensinadas a liderar os filhos, a casa, a família. Algumas de nós têm a oportunidade de aprender a liderar também fora do ambiente doméstico, um privilégio num mundo ainda tão desigual para as lideranças femininas”.
Ora, tal possibilidade de ter mulheres em cargos de liderança não deve ser encarado para as próprias como privilégio, antes, um privilégio para a sociedade, para as organizações, para todos nós.
O atual paradigma faz com que muitas mulheres duvidem das suas capacidades, duvidem a sua excecional competência para liderar e governar empresas.
Para promover a liderança feminina e alcançar a igualdade de género devemos desconstruir o pensamento tradicional. Chegou o momento de adotar novas formas de pensar e para tal será necessária uma abordagem multifacetada para quebrar a desigualdade de género em vários ângulos:

  • Empoderar mulheres que são exemplos a seguir quer sejam líderes ou exemplos do quotidiano;

  • ​Adotar uma comunicação sem género;

  • Mudar as expectativas no local de trabalho;

  • Optar por diferentes abordagens no recrutamento;

  • Tornar a inclusão intuitiva.
     

    O ponto que considero verdadeiramente desacelerador das carreiras femininas em Portugal é a fase da maternidade.
    Filipa Martins, CEO da Endered Portugal
    Temos um mercado de trabalho muito segregado. Há uma tradição nos papéis e nas profissões que homens e mulheres têm.
    Rosa Monteiro, Secretária de Estado para a Igualdade

     

Referências:


Por Cláudia Pires

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